Two Ways

2 – O que é forte?
Metáfora, arbítrio. Existência. ¹

2.1

Jing-Quo era a criança dos olhos do Patriarca, e Li Wang Mu, seu pai, estava dos mais felizes, pois essa era uma excelente notícia, o que significava que seu filho cada vez mais estava mais perto de ser o sucessor do patriarca. Li fazia questão de que Jing-Quo passasse o maior tempo possível com Akito, enquanto ele fazia planos de como seria ser o pai do futuro patriarca, em como poderia tirar proveito próprio, em como poderia fazer todos os irmãos pagarem por sempre o tratar como um desigual, por ser o filho menos fortunado da família, e ter necessitado de ajuda financeira da família. Mas finalmente a sorte sorria para ele, afinal, todos os outros filhos só tiveram filhas enquanto ele tinha o único varão da família. Sim, o Destino sorria para Li e para seus planos.

O tempo passava, e Jing-Quo se tornava cada vez mais e mais encantador. Desde cedo sabia convencer como ninguém o patriarca, e ganhava sempre tudo o que pedia. Já estava com quase dois anos, e a beleza da família Wang Mu aflorava em sua face, mostrando os traços finos e as feições fortes, em um paradoxo de harmonia. Entretanto, mesmo abafado, muitos falavam que Jing-Quo estava demorando a demonstrar habilidades mágicas, que na família começavam a ser treinadas com dois anos, e o mais tardar com três. Li também havia percebido isso, e tomava sempre o cuidado de criar explicações para a demora das habilidades mágicas do filho. Claro que ele não estava contente com essa demora, queria calar a boca de todos aqueles, sem falar que não queria que Akito lhe cobrasse uma explicação. E talvez por isso, Li ficou mais atento aos sinais que Jing-Quo emitia, ou os que ele não emitia. E assim, quando ele completou 2 anos, Li o levou até um bruxo que ele conhecia, um bruxo sensitivo, e então, veio a notícia. Jing-Quo não possuía nenhum poder mágico.

― Um aborto, foi isso que você me deu – ele falava áspero, enquanto segurava a esposa pelos cabelos e apontava para Jing-Quo, que chorava sentado na frente da mãe ― Esse seu filho não passa de um aborto. Isso é a completa perdição para essa família. Onde já se viu, um aborto, uma criatura sem o menor poder. – ele desferia sua raiva em palavras e tapas na esposa. Jing-Quo continuava a chorar, vendo toda aquela cena de violência. ― Ele terá que morrer. Não quero que um aborto me desonre perante o Patriarca. – ele decretou, soltando enfim a mulher, e saindo de casa.

[...]

― Meu filho... por que ele tinha que ir tão cedo? – era a figura de Li, chorando perante o caixão fechado do filho, inconsolado, desesperado. A esposa estava em um canto. Muitos falavam que ela havia ficado sem juízo com a doença repentina do filho e com a morte prematura.

Akito estava ao lado de Li, consolando-o, segurando-se também para não se desesperar, afinal, Jing-Quo era mais que um neto para ele. Era com quem brincava, era com quem sorria, era o único que o tratava como uma pessoa comum, que o chamava de avó, e não de Patriarca. Akito ficara muito abalado com a morte prematura, a doença fora arrasadora, e levara Jing-Quo em menos de três dias. O medibruxo não conseguira chegar a tempo.

―Meu filho. Por que? Eu quero morrer também. Me leve com você meu pequeno Jing-Quo. – Fora as palavras que Li soltara logo quando seu filho foi colocado na fogueira, sendo então, elevado aos planos superiores, enquanto se abraçava a Akito, se consolando. A família Mu estava em luto.

[...]

― Olá meu pequeno. Não precisa ficar com medo. Vou cuidar muito bem de você. Você será o filho que nunca pude ter. – uma mulher não tão nova falava para uma criança de dois anos que estava em sua frente, com os olhos molhados, de quem acabara de chorar. ― Meu nome é Mei Tsu, venha, acho que está com fome não é? Vou te chamar Xin, sempre quis um filho com esse nome.

― Meu nome…

― Seu nome será Xin Tsu a partir de hoje. – falou com doçura, enquanto sorria para ele.

Mei era uma jovem camponesa quando seu esposo faleceu de uma doença no povoado que viviam. E desde então, sempre cuidou da casa. Não tinha mais ninguém na vida, era só, não havia tido filhos, mesmo este sendo seu maior desejo. O povoado em que vivia era pequeno e todos se conheciam, e sabiam da história triste de Mei, que havia sido vendida para o falecido marido. Entretanto, para Mei, os anos ao lado do esposo, foram os melhores de sua vida. Yu era paciente, compassivo e sempre tinha um sorriso a oferecer. Ela sentira muito sua partida, e também desejou muito tempo ter partido com ele, até que compreendera que o que Yu mais queria era que ela fosse feliz, e a partir deste dia, ela resolvera colocar um sorriso no rosto, em lembrança dele, para ele, onde quer que ele estivesse.

Certo dia, uma mulher lhe procurara, com lágrimas nos olhos, e uma criança nos braços. Ela não falara muito, mas Mei conhecia-a, sabia que a jovem pertencia a uma família muito poderosa. Ela apenas pedira para que cuidasse da criança, que lhe desse outro nome, e deixou também, várias moedas de ouro para cuidar dela, assim como uma pequena caixa, a qual falou que era para ser entregue quando ele completasse onze anos.

O tempo foi passando, e o garoto foi crescendo, ficando cada vez mais forte e sadio, e apresentando uma beleza bastante incomum para aquele vilarejo. Era o preferido das meninas, e todos o tratavam como um igual, mesmo eles sabendo que o jovem não era filho de Mei. O jovem nunca perguntara sobre seu passado, como se tivesse subscrito-o com o novo futuro que tinha. As recordações que tinha sempre retomavam dos três anos em diante. Entretanto, durante os primeiros anos, o jovem sempre sofrera de pesadelos, em que ele acordava chorando desesperadamente. Mei sempre o confortava, e o colocava para dormir novamente. Ela considerava a vinda de Xin como obra do falecido esposo, que a queria ver feliz.

Quando Xin completou 11 anos, Mei lhe entregou uma caixa vistosa e de aspecto precioso. No principio Xin não sabia o que fazer, e demorou algum tempo até ter coragem para abrir a caixa. Quando a abriu, achou uma foto, de pessoas sorrindo para ele, se movendo na fotografia, o que o assustou muito, havia muitas moedas de ouro, e também uma carta, de letras bonitas e finas. Depois de ler a carta, Xin deixara a caixa cair, ficando paralisado com o conteúdo dela. Mei tentou ajudar, mas ela nada pode fazer, ele apenas pegara tudo do chão e saíra correndo. Mei sabia que ele deveria ter um tempo para assimilar o que acontecia.

Após conhecer o conteúdo da caixa, Xin ficara diferente, e com as moedas que lá tinha, pediu a mudança para um local distante, mais evoluído. Era outono de 1964, e assim, Mei e Xin se mudaram, para que Xin pudesse ter uma melhor educação e assim, mudar seu futuro e talvez o passado.


2.2

A pequena Ling Lawliet crescia como uma rosa em meio ao jardim, repleta de cuidados de ambos os lados. Por um lado, Cain e Kaori incentivavam cada evolução da menina, e de outro, Edgar babava a cada sorriso que ela dava. Alias, Edgar era uma figura sempre presente na família Lawliet. Almoçava sempre com eles, e sempre trazia algum agrado para Ling, que adorava o tio. Kaori também se divertia com as vindas de Edgar, que sempre tinha algum fato inusitado para contar. Cain também gostava da presença do amigo, mas nem sempre via com bons olhos o fato de Edgar estar sempre em sua casa, sempre na companhia de Ling e Kaori. Mas não demonstrava isso, afinal, ele compreendia em parte, pois Edgar nunca tivera irmãos, e eles eram como irmãos, mesmo não tendo o mesmo sangue.

Cain trabalhava dia e noite, sempre levando os negócios ao maior lucro possível, sempre correndo para lá, para cá, e nada faltava a família. Entretanto, ele não notava que sua família, precisava muito mais de sua presença do que dos galeões, sem falar que na busca desenfreada por sempre oferecer o material à família, ele acabou descuidando de sua saúde, e então, teve uma doença que não fazia apenas os nascidos sem magia morrer, mas aos bruxos. Cain morrera de um ataque cardíaco. Ling era nova, tinha por volta de 7 anos quando a tragédia se deu. A família ficara muito abalada, principalmente Kaori, que caiu em uma profunda depressão. Edgar fora essencial para a família naquela hora triste, pois fora ele que cuidara de tudo, e principalmente, ajudara Ling e Kaori, principalemnte Kaori, e assim, os dois ficaram cada vez mais próximos, e quanto Ling tinha 10 pra 11 anos, Kaori e Edgar se casaram. Ling não aceitara bem a idéia, pois achara que sua mãe estava esquecendo seu pai e acabou por ir para Hogwarts, no ano seguinte, brigada com a mãe e o padrasto. Ela recebera o convite um pouco antes de saber da notícia do casamento de sua mãe, e toda a felicidade que sentira por freqüentar a mesma escola que seu pai sumira completamente. Ling não aceitaria nunca que Edgar tomasse o lugar de seu pai. Ele por outro lado, tentava a todo custo convencer a jovem de que não queria tomar o lugar de Cain, mas era em vão. Ling partira com o coração raivoso para Hogwarts. Lá, frequentara a casa da sonserina. Fizera algumas amigas, mas enquanto não se livrou do ódio que sentira, não pode curtir Hogwarts como queria. A aceitação só viera dois anos depois, quando Kaori, tomada pela depressão, arrancara lágrimas da filha Ling, e esta se reconciliou com a mãe e o padrinho. Assim, ela pode aproveitar a nova família que ganhara, que sempre se lembravam de Cain e de como ele era, principalmente quando Edgar contava histórias dele em Hogwarts.

Ling se tornara outra pessoa após a reconciliação, e curtira em todos os sentidos Hogwarts. Com a casa fora campeão três vezes seguidas no torneio de casas, e bicampeã com o time de quadribol, do qual era capitã. Ling era uma menina maravilhosa e formidável, com uma garra fantástica e uma inteligência espetacular. Fora em Hogwarts que ela descobrira sua alta sensibilidade, aflorada quando ela tinha 13 anos. Não era fácil pegar a menina desprevenida, e seus sonhos e pressentimentos não podiam ser deixados de lados, pois era certo que aconteceria. Algumas vezes, Ling contava à mãe que tinha a impressão de sentir a presença do pai, sempre ao seu lado, cuidando dela. Kaori sempre acreditou na jovem, pois ela não duvidava de que Cain protegia a filha a todo momento.

Assim, ela se formara, com dois títulos, a melhor capitã de Hogwarts, e campeã do torneio de casas. Ling poderia conseguir emprego em qualquer lugar, após a formatura, mas durante sua vida estudantil, algo que sempre lhe chamara a atenção fora o estudo dos homens nascidos sem magia, como sua mãe. E assim, apoiada por ela e por Edgar, Ling decidira que estudaria a fundo todas as características e comportamentos dos humanos comuns. Assim, ela viajara por muitos lugares, e até os 20 anos acompanhada pelos pais. Ela trabalhava para uma coluna de um famoso jornal bruxo na Inglaterra, como correspondente “inter-mundos”, escrevendo a respeito os costumes e tradições, além dos comportamentos dos muggles. E foi assim que ela publicou seu primeiro livro, contando a experiência de viver junto aos muggles, de como se comportar e o que pensava a respeito deles. Logo tornou-se um nome famoso entre os estudiosos e as escolas preparatórias de bruxos, mas uma coisa ela sempre quis deixar incógnito, o seu rosto. Ling nunca fotografava para seus livros, e mesmo quando trabalhava no jornal, ninguém lá sabia de seu rosto, a não ser claro, o editor chefe, que a tinha contratado.

Segundo ela mesma dizia, quando Kaori ou Edgar perguntavam porque de se esconder, ela falava que era um jogo de marketing. Afinal, o público teria uma curiosidade em saber quem ela era, e assim, comprariam seus livros, a fim de tentarem uma pista de quem ela seria. Edgar quase se acabava de rir da explicação que ela dava, mas sempre concordava que a jovem Ling era muito esperta e inteligente. Mas claro que Ling tinha outros motivos, mas não os revelava, pois ela via à frente, sentia mais que seus pais e outros bruxos viam e sentiam.

Sua marca nos livros era sempre a assinatura: L. Law, como seu pai, Cain, gostava de lhe chamar.

2.3

B L É M – o som do prato no chão frio do quarto desperta sua moradora, que estava sentada abraçada às pernas no canto mais escuro dele. Ela abre os olhos devagar e olhando para o possível lugar onde o prato está e continua imóvel, enquanto um barulho de metal sendo arrastado pelo chão começa ecoar pela sala. Em pouco segundos, ela está com o prato em mãos e com uma das mãos, leva a comida, ou algo parecido, à boca, comendo desesperadamente, como um animal faminto, enquanto uma voz de desprezo fala:

Coma!

[...]

― Quero que erga essa bola, até a altura marcada – ele mandava, enquanto seus olhos brilhavam.

Alguns instantes depois, a bola começava a tremer, subindo devagarinho, enquanto uma menina, aparentemente com seus seis anos, olhava para o objeto, parada, sem mover nenhum músculo. A bola subia lentamente, e quando estava prestes a alcançar a altura pedida, caiu, inerte no chão.

― O que fez? Eu disse até aquela altura! – ele falava bravo, enquanto podia-se ouvir o som de um tapa ecoando pela sala. A menina agora estava deitada no chão, caída pela força da agressão que levara instantes antes. ― Anda! Levanta! Continue... agora quero ainda mais alto, e se não conseguir, vai ficar sem comer – ele falava com a mesma ferocidade com que dera o tapa.

A menina se levantara, sem olhar para a figura do homem ao seu lado, e olhando para a bola, esta começou a se mover, tremendo um pouco, enquanto subia até o ponto que ele pedira, até passando.

― Eu disse até a altura. Se tivesse dito além da altura você poderia ter feito isso. – ele falou novamente, ferozmente, enquanto dava outro tapa na menina, que caia novamente. - ―Agora levanta. Não quero saber de moleza. Levante a esfera até a altura e mantenha ela lá. Se deixar cair já sabe.

A pequena jovem assim o fez, levantando-se novamente, enquanto olhava ferozmente para a bola. Desta vez a bola foi parar na altura certa, e permaneceu lá, até que ele mandasse ela descer.

"Teste do dia: Rápido avanço. Telecinesia aumentando – poder de deslocamento – peso de 5 Kg”. – ele anotava em sua prancha. ―Hum. Agora vamos para outra parte. A outra sala está preparada? - ele falava um auxiliar do lado de fora da sala em que estava com a menina. O auxiliar dava a confirmação positiva dos preparos, e então, ele olhou para a menina sem falar nada, e então ela se dirigiu para a saída. - ”Vamos para outra sala. Dirija-se para a saída. São só mais algumas tarefas e depois terá um descanso” – fora o que fala em pensamentos para a jovem, que aparentemente havia compreendido, tanto que expressava um singelo sorriso ao fazer o que o homem pedira.

(...)
― Quero que vista-se com essas roupas. Hoje irá conhecer uma pessoa que irá te ensinar a se controlar. – Xin falava para uma jovem que aparentava 11 anos, ela vestia uma camiseta enorme e suja, encardida, com vários buracos. Os pés estavam descalços e pareciam sujos. A criança parecia magra e apática. Ele jogara a ela uma peça de roupa, era uma saia prensada, vermelha e uma blusa, no estilo de um quimono, branca, com três listras verticais finas em vermelho. Era um conjunto, muito usado pelos alunos da classe alta que freqüentavam a escola ― Ah sim, e calce esses sapatos. A partir de hoje, você será chamada de Mei. Guarde bem esse nome. – ele deixou os sapatos caírem de suas mãos, fazendo um barulho seco dentro da cela e saiu. A menina olhara para os objetos jogados, e então, eles começaram a se mover em direção a ela. Em pouco tempo ela estava vestida. Seu olhar tinha um brilho inocente naquele momento.

― Mei, querida. Esse será seu professor particular. Senhor Shoran. Ele lhe ensinará magia, minha querida. – Xin abraçava Mei, que parecia totalmente perdida entre aquela cena. Nunca estivera naquela sala tão bonita. Tinha um sofá, todo decorado, uma lareira acesa, e uma mesa, com uma fruteira cheia de maças vermelhas e saborosas. A garota não tinha a mínima idéia do que acontecia ali. ― Senhor Shoran, obrigado por aceitar o convite. Sabe, aqui não é o lugar adequado para minha filha crescer, mas não posso deixá-la sozinha, e muito menos que fique sem os ensinamentos bruxos, por isso, contratei-o para ensiná-la.

― Não se preocupe. Creio que o senhor esteja realmente muito atarefado aqui, sem falar que não deve ser muito fácil esconder as origens bruxas... – professor falava, com um sorriso simpático no rosto. Ele era alto, com uns óculos redondos no rosto. Os cabelos negros eram curtos a médio. Um bonito rosto, sem falar que usava um terno pardo, de dois botões. ― Só gostaria de saber se ela já possui sua varinha, ou precisaremos comprar uma? Se quiser, posso levá-la e podemos comprar uma a ela.

― Não! Ela não sai daqui! Entendidos! – falou, de forma firme e um tanto quanto ríspida com o bruxo na frente dele. ― Não quero que Mei corra perigos, se me entende. – ele voltava a falar de forma dócil e calma, como um “verdadeiro pai preocupado”.

(...)

Yuki era um jovem bruxo, tinha seus vinte nove anos, e era um amante da magia branca, e um conhecedor de ensinamentos muito antigos. Havia se mudado para a China não havia 5 anos, e desde que se formara junto a uma conceituada instituição de magia do Japão, decidira viajar o mundo. Sim, sua descendência era toda japonesa, porém, ele demonstrava um fascínio enorme pela cultura chinesa, que tinha traços homogêneos com a sua, e outros totalmente distintos. Viajara por toda a China, ou pelo menos pelas províncias mais interessantes que achara. Aprendera a falar perfeitamente o mandarim, e então, resolvera permanecer em solo chinês, trabalhando para as famílias ricas, ensinando seus filhos. No Japão, Yuki Shoran é pertencente a uma famosa família, além de pertencer a uma classe de bruxos com grande respeito dos demais. Sua família pertencia ao seleto grupo dos magos Onmyoji. A magia Onmyojitsu era passada de geração a geração, e mesmo que Yuki quisesse fugir por ora de seu destino, ele deveria regressar um dia ao Japão e então, dar continuidade à tradição familiar. Entretanto, ele preferia que esse destino ainda estivesse longe, para que pudesse aproveitar tudo o que queria. Apesar de jovem, Yuki começara a aprender os ensinamentos e os estudos do Onmyodo bem cedo, quando tinha apenas 3 anos. Aprender a magia Onmyojitsu não era fácil e sempre requereu muita dedicação e concentração, mas Yuki sempre fora um excelente aprendiz, como dizia seu pai, Hatsu.

Os anos foram do aprendizado foram duros, e ele nunca parou de aprender, mesmo agora, sempre aprendia, evoluindo suas técnicas, aperfeiçoando seus movimentos. A cultura do Onmyojistu geralmente fica apenas nas famílias do clã, e raramente aceitam outras crianças, que também devem ser treinadas desde crianças, para aprenderem a terem controle do que estão fazendo, e mesmo assim, as crianças passam por rigorosos testes. Yuki sabia que um dia iria passar seus conhecimentos para provavelmente seu filho, ou uma outra criança, e quando conhecera Mei, ele não sabia por que, mas havia se afeiçoado imensamente a ela. Era como se visse nela uma filha, uma irmã, e após meses de conflitos, ele decidira passar a ela seus conhecimentos. Não era uma decisão fácil, sem falar que ele estava incorrendo várias regras. Sem falar que muito provavelmente, o pai de Mei não gostaria em nada das aulas. Assim, Yuki fizera alguns testes, imperceptíveis para aqueles que não conhecem a magia, de forma a avaliar se Mei poderia suportar desenvolver seus poderes e aguentar as pressões do desenvolvimento espiritual necessário para controlar e canalizar os poderes. E Mei o surpreendia a cada etapa nova. E assim, ele decidira passar à sua jovem pupila de 11 anos os ensinamentos de seu clã.

― Mei, parabéns. Você pega muito bem os ensinamentos. – ele falava, dando um tapinha leve na cabeça da jovem, agora com seus quase 12 anos. ― Creio que se continuar assim, poderemos passar para feitiços mais avançados, e em breve, vou te ensinar mais coisas de Leitura de mentes. É incrível que você consiga ler minha mente e tão nova, e eu quase não lhe ensinei nada a respeito disso.

"Acho mais divertido falar assim, senhor Shoran” – a voz ecoava na cabeça dele.

“Se quiser, pode me chamar apenas de Yuki. – ele falava. No início, Yuki achara estranho, a jovem não falar muito, não sorrir, quase não se movimentar, mas já na terceira semana, ele sentira que ela tentara invadir sua mente, e deixara, e foi então, que escutou, pela primeira vez a voz de sua pupila. Era uma voz doce, angelical, inocente. Não era fácil achar uma pupila com tantos potenciais, alguém que conseguisse quebrar sua proteção de mente, e Yuki sentira-se instigado a aprender mais sobre sua aluna, mas nunca conseguira entrar na mente da jovem, mesmo que se esforçasse ao máximo, era como se ela trancasse sua mente. Após dois meses, Yuki conseguira fazer com que Mei falasse sem ser por meios psíquicos, e após um ano, ambos sabiam apenas no olhar um do outro o que eles desejavam.

O que Yuki não sabia, era que, acompanhando tudo aquilo, ali, do lado, bem de pertinho, estava Xin, que não perdia uma aula, uma palavra, um olhar se quer.


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¹ - Serial Experiments Lain

[continuação 2]
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